Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU)
afirma que o Brasil deixa de acrescentar mais de US$ 3,5 bilhões (R$ 7,6
bilhões) à sua riqueza nacional por ano em decorrência da gravidez de milhares
de adolescentes.
O documento "O
estado da população mundial 2013", do Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA), divulgado nesta quarta-feira (30), analisa a situação de jovens que
dão à luz.
A cada ano, 7,3 milhões
de meninas com menos de 18 anos têm filhos em países em desenvolvimento.
Dessas, 2 milhões têm menos de 14 anos. O texto enfatiza os problemas que isso
causa à vida das jovens, com consequências na saúde, na educação e nos direitos
humanos.
"Em geral, a
sociedade culpa as meninas por engravidarem", diz o diretor-executivo da
UNFPA, Babatunde Osotimehin. "A realidade é que a gravidez adolescente
costuma ser não o resultado de uma escolha deliberada, mas sem a ausência de
escolhas, bem como circunstâncias que estão fora do controle da menina. É
consequência de pouco ou nenhum acesso a escola, emprego, informação e
saúde."
O relatório também fala
que as economias nacionais sofrem com as consequências da gravidez precoce.
Riquezas não geradas
Citando um estudo feito em 2011 pelos pesquisadores Jad Chaaban e Wendy Cunningham para o Banco Mundial, o UNFPA tenta estimar quanta riqueza os países (como Quênia, Índia e Brasil) deixam de acrescentar a suas economias, dado que as meninas que engravidaram poderiam estar trabalhando e gerando renda.
Citando um estudo feito em 2011 pelos pesquisadores Jad Chaaban e Wendy Cunningham para o Banco Mundial, o UNFPA tenta estimar quanta riqueza os países (como Quênia, Índia e Brasil) deixam de acrescentar a suas economias, dado que as meninas que engravidaram poderiam estar trabalhando e gerando renda.
"O Brasil teria
maior produtividade – de mais de US$ 3,5 bilhões (R$ 7,6 bilhões) – caso
adolescentes retardassem sua gravidez até os 20 e poucos anos", diz o
documento.
No caso da Índia, esse
"ganho" seria de até US$ 7,7 bilhões (R$ 16,7 bilhões). No Quênia, a
receita "não gerada" é equivalente a todos os ganhos da indústria da
construção civil. E, em Uganda, equivale a um terço do Produto Interno Bruto
(PIB) do país.
O relatório afirma,
ainda, que muitas meninas engravidam quando estão no ensino fundamental ou
médio, e acabam abandonando a escola. Isso faz com que o investimento feito
pelos países na educação básica acabe sendo desperdiçado, já que elas não dão
seguimento a seus estudos.
O estudo do Banco
Mundial ressalta que, além dos custos econômicos, há problemas sociais:
filhos de mães precoces costumam ter desempenho escolar mais baixo. O relatório
faz ainda algumas considerações sobre os programas de natalidade brasileiros.
"O Brasil é um dos
países que avançaram para aumentar o acesso de meninas grávidas a tratamentos
pré-natal, natal e pós-natal", diz o UNFPA, citando o Instituto de
Perinatologia da Bahia (Iperba) como um "centro de referência para
gravidez de alto risco" no estado. O Iperba oferece tratamento
especializado a mães adolescentes, que representam 23% do total de pacientes
atendidas no local.